sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lembrete - comunicado reunião


Senhores pais e responsáveis,

A Direção e o Corpo Docente comunicam aos responsáveis pelos alunos matriculados no CEF 104 Norte que sábado, 27 de outubro, de 8h20 a 11h30 haverá ENTREGA DE BOLETINS. Na ocasião os professores poderão tirar suas dúvidas a respeito do desempenho escolar de seu/a filho/a.
8h20 – Orientações acerca do REMANEJAMENTO, DOCUMENTAÇÃO e INFORMES GERAIS.

Atenciosamente,
Direção do CEF 104 Norte
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Confiram texto das alunas selecionadas na semifinal das Olimpíadas de Língua Portuguesa

Amanda Ferreira de Aquino - 8ºB (semifinalista)
Gênero: Crônica

Mundo frio

Ao meu redor, milhões de lugares, milhares de pessoas, porém são faces e lugares pouco conhecidos. Eu ando sem pensar em nada, observo o céu cinza e lembro-me do Zeca Baleiro: cinza como o céu de estanho. Céu tão nublado que chega a ser triste. Estou molhado, chove, mas não sinto frio algum.
Paro e observo algo que me chama a atenção: uma pequena garota chora em silêncio, seu cabelo é longo e de colorido moderno – incomum; sua pele de tão branca chega ao pálido e, sua face... lembrou-me algo parecido a um anjo... sem expressão... somente lágrimas que se confundiam com as gotas de chuva, movimentavam-se em sua alva pele.
Comovo-me com tal cena. Trovões começam a assustar os outros que por ali passavam absortos, mergulhados em seus problemas. Só eu ouço o pranto desesperado vindo da minha esquerda. Paro. Estou diante de um dos viadutos capital, o Airton Senna e penso no paradoxo de ter alguém tão triste num lugar tão bonito. Isso me comove mais.
O tempo passa e ficamos só eu e a garota triste. Não há mais transeuntes. Abaixo da onde nos encontramos, carros passam velozes sem se preocuparem com o perigo do asfalto molhado. Passageiros e motoristas não sabem a dor que o viaduto abriga.
Penso em ajudar a jovem. Será que ela precisa de ajuda? Tristeza tornou-se algo comum para todos. De longe observo. Ela sobe em algo. Vence o primeiro empecilho. Seu vestido branco meio manchado, nem mesmo se move, está grudado em seu corpo molhado. Vira-se, ameaçando cair. Seu corpo imóvel já não treme e ela parece determinada a fazer algo...
E, quando percebo que a garota melancólica quer acabar com sua tristeza ela me vê e sorri. Ainda me olhando, balança. Sem hesitar, corro em sua direção, estendendo meu braço para alcançá-la. Foi tarde. Seu sorriso foi se desmanchando, tornando-se um suspiro.
Fecho meus olhos para não acreditar em tal desgraça. Em vão: não me esquecerei de seu sorriso calmo apagado pela vida. Choro e penso neste mundo em que um sorriso final é levado pela morte é certamente um mundo muito frio.


Millena Castro Ribeiro - 7ªE
Gênero: Memória

Meu Lugar

Foi uma longa vida. Ninguém sabe ao certo como cheguei aqui, mas o que se sabe é que esse é o lugar onde passei a vida e encontrei o conforto e a paz de que precisava. Estou falando de Brasília, que perto das demais capitais é uma cidade nova, com 52 anos. É cheia de brilho, de monumentos, de muito verde, de muitos ipês que colorem o concreto cinza.
Fiquei por aqui pelas pessoas interessantes, pela diversidade de culturas feita com gente do Brasil e de todo o mundo. Mas, apesar de nova, essa nova capital é carregada de muitas histórias e sonhos que se concretizaram em histórias espalhadas por suas áreas descampadas e hoje cobertas de verde. O imponente lago Paranoá, azul e pronto, para umedecer mais o nosso ar. É uma dessas lembranças que vou contar a vocês. A minha história.
Vim de Minas Gerais e a vida me trouxe para uma Asa Norte ainda em construção. Naquela época era tudo tão simples se comparada com os dias de hoje era uma vidinha monótona. Lembro-me das crianças brincando de bete e de queimada nas ruas tranquilas, corriam sem medo para brincar de pique-esconde ou pique-pega. A pipa ainda impera até hoje, mas os carrinhos de rolimãs já não se veem pelas quadras.
Era a cidade dos meus sonhos. Aqui eu pensei em criar meus filhos. As pessoas agiam com muita simplicidade e todos se tratavam com respeito. Dos carnavais salvaram-se os blocos que cantavam as marchinhas antigas e as novas, sempre com severas criticas ao governo e à corrupção. Sem contar que aos domingos, íamos ao Eixão para caminhar, andar de bicicleta e tomar uma água de coco naquele calor escaldante. Hoje em dia esse programa dominical ainda é muito concorrido. Isso ficou de bom daqueles tempos.
Um dos ícones da cultura brasiliense eram as bandas de garagem – isso acabou, mas o sucesso dos hoje, velhos poetas, continua pelo mundo e ainda move multidões com suas músicas. Salve Legião Urbana, e Paralamas do Sucesso! Infelizmente os jovens de hoje não vivenciarão o brilho daquela época.
É claro que como toda cidade, Brasília também criou seus defeitos, mas nenhum deles encobre o que há de maravilha, de futurista, de encantadora.
Não posso me esquecer de que todos os problemas tornam-se pequenos perto do que vivi e construí. Apesar das dificuldades, Brasília resiste a tudo, é uma cidade ampla e possui um incrível céu de brigadeiro, que nos encanta a todos até hoje. Esse é o lugar onde vivo – lugar que me fez esquecer de onde vim; onde construí inúmeros momentos inesquecíveis. É o meu lugar.

Caminhada - Projeto Revivendo Êxodos


24/10/2012 16h59 - Atualizado em 24/10/2012 17h19

Estudantes refazem percurso de missão que definiu área do DF

Cerca de 80 alunos da rede pública caminharam 250 km em duas semanas.
Essa é a 11ª edição do projeto, que conta como atividade extracurricular.


Estudantes de escolas públicas refizeram parte do trajeto de missão que definiu área do DF (Foto: Lula Lopes / Agência Brasília)
Estudantes de escolas públicas refizeram parte do trajeto
de missão que definiu área do DF (Foto: Agência Brasília)
Terminou nesta terça-feira (23) a expedição em que estudantes de escolas públicas do Distrito Federal refizeram parte do percurso feito pela Missão Cruls. Iniciada em 1892, a missão saiu do Rio de Janeiro com a finalidade de demarcar o território do futuro Distrito Federal – que só seria construído décadas depois, no governo de Juscelino Kubitschek.
Por sete meses, a missão percorreu 14 mil quilômetros registrando dados sobre a fauna, a flora e os hábitos dos moradores do Centro-Oeste. Os estudantes do Setor Leste, Setor Oeste, Centro de Ensino Fundamental 104 Norte e do Centro Educacional Nova Betânia, de São Sebastião, percorreram 250 quilômetros do trajeto original.
Os adolescentes passaram por fazendas, pontos turísticos e comunidades no Goiás e no DF. Eles estiveram em Goianésia, Natinópolis, Santa Isabel, Malhador, Pirenópolis, Placas, Corumbá, Olhos D'Água, Alexânia e visitaram o Catetinho, primeira residência de JK em Brasília.

Pelas manhãs, o grupo percorreu entre 15 e 20 quilômetros. De tarde e de noite, acompanharam palestras sobre a história de Brasília e puderam conhecer melhor as comunidades por onde passaram.
Essa é a 11ª edição do projeto, que conta como atividade extracurricular. Em novembro, fotografias feitas pelos estudantes ao longo das duas semanas de caminhada serão expostas no Espaço Cultural Renato Russo, que fica na quadra 508 Sul.

  
Estudantes de escolas públicas refizeram parte do trajeto de missão que definiu área do DF (Foto: Lula Lopes / Agência Brasília)Estudantes de escolas públicas refizeram parte do trajeto de missão que definiu 
área do DF (Foto: Lula Lopes / Agência Brasília)
 
 
 
Estudantes da rede pública do DF caminham 200 km em busca do conhecimento
Projeto Re(vi)vendo Êxodo leva estudantes a conhecer cidades do interior de Goiás e imergir nas manifestações culturais
23/10/2012 17h15
Pelo estagiário Renato Souza
 
DIVULGAÇÃO
Percurso realizado pelos estudantes foi de 200 km por cidades de Goiás.
Um projeto criado por uma escola da rede pública de ensino do Distrito Federal, vem mudando a qualidade da educação em pelo menos quatro escolas do DF. As atividades relacionadas ao projeto Re(vi)vendo Êxodo duram o ano todo, mas o momento mais esperado é uma caminhada de 200 km, que proporciona aos participantes experiências inéditas em várias cidades do interior de Goiás. Cerca de 80 alunos entram literalmente de “corpo e alma” no projeto, já que os trabalhos exigem esforço físico e intelectual.

O projeto nasceu em 2001, a partir da exposição 'Êxodo', de Sebastião Salgado. Ao levar os estudantes para acompanhar a mostra, o professor de história Luis Guilherme resolveu aprofundar o conhecimento dos estudantes sobre a identidade cultural do Distrito Federal e do Brasil. Surgiu então a ideia da caminhada, que é um mergulho profundo em três assuntos: identidade, patrimônio e meio ambiente.

Durante 14 dias, os estudantes do Centro de Ensino Médio Setor Leste, CEF 104 Norte, CEF Nova Betânia, de São Sebastião e Centro Educacional do Lago Sul, visitaram cidades que ficam em um raio de 200 km de distância da Capital Federal. Todo o percurso foi realizado a pé e teve apoio do Exército Brasileiro. Os participantes do projeto conversam com pioneiros, personalidades de cada região e estudam a fundo a identidade e cultura de cada cidade visitada. Além disso, ainda participam de eventos realizados pelo moradores locais. No trabalho de campo, os alunos buscam identificar as características de cada região com o povo brasiliense.

A recepção é calorosa em cada cidade que os estudiosos turistas passam. Os moradores da região visitada também se preparam para receber os estudantes. Algum professores das escolas participantes viajam com o grupo para que as aulas não sejam interrompidas. Pela manhã acontece a caminhada e as aulas são ministradas durante a tarde. O conteúdo dado pelos professores é o mesmo da sala de aula, mas integrado com a prática e a vivência social. É o que conta o coordenador geral e criador do projeto, o professor Luis Guilherme. “ No dia 11 de outubro estivemos em Natinopolis, nessa cidade nossa parada era ao lado de uma escola. Essa escola é uma instituição estadual que fica dentro do município de Goianésia. Nós fomos recebidos com quadrilha, congada (dança típica), moagem de cana, plantação de mandioca, milho, faria. Fizemos caldo de cana, farinha plantamos e ainda ouvimos os professores de lá para falar da cultura local, da realidade da cidade. E a partir do principio que você conhece outras culturas, você aprende a ser valorizar e identificar sua própria identidade”, afirma Luis.

Muitas histórias


Foto: divulgação.
 
Em 2012, as cidades visitadas foram: Juscelândia, Santa Izabel, Cirilândia, Goianésia, Pirenópolis, Corumbá e Alexânia, todas no estado de Goiás. Durante os dias de caminhada, os estudantes vivem experiências únicas e quando voltam têm muitas histórias para contar. É o caso da estudante Thaisa de Melo, aluna do 3º anos do Centro de Ensino Médio Setor Leste. “Foi uma experiência fantástica, capaz de mudar a sua visão de mundo. Um momento marcante foi quando andamos 25 km sem parar, até a água acabou. O projeto não é só a parte pedagógica, você conhece outros modos de vida, realidades diferente da sua”, afirma.

Raíssa Portela, estudante do ensino médio, destaca a união do grupo durante o projeto. “Nós aprendemos a importância de ajudar e ser ajudado. É uma caminhada dura, mas isso nos aproxima e durante as aulas faz com que a gente reflita sobre nossa vida e nossa cultura, aprendemos a ver a nossa identidade!”, completa.

Apoio do Exército


Militares do Exército montam o acampamento nos locais de parada - foto: divulgação.

O Exército Brasileiro é um dos apoiadores do projeto desde 2002. Os militares montam o acampamento nos postos de descanso e acompanham os estudantes durante todo o percurso. O tenente Jacob afirma que além de uma experiência para os estudantes, os militares que ainda estão no período obrigatório (de 12 meses) também aprendem com a experiência. A maioria dos soldados ainda são adolescentes e participam da atividades do Re(vi)vendo Êxodos. “Os eventos são abertos aos soldados e sempre que não estamos muito cansados, acompanhamos também as atividades culturais. O Exército tem uma grande importância para o projeto e se depender de mim e toda a minha equipe, vamos sempre apoiar a iniciativa. Isso integra os soldados com os estudantes e inclusive pode contribuir para o engajamento no serviço militar”, completa o tenente.

Agora monitores

O projeto é tão atrativo, que muitos ex-estudantes das escolas participantes agora são monitores. Agora eles são universitários e profissionais formados, mas não deixaram de lado a comunidade onde vivem e a esperança em melhorar a qualidade da escola pública. É o caso da ex-estudante Layla Marques, formada em ciências políticas, moradora de Samambaia. “Nós aprendemos a lidar com pessoas, a gente enxerga o ser humano de uma forma diferente. Nos últimos anos, foram surgindo novas escolas interessadas no projeto. Diferente de outras instituições, principalmente as particulares, os estudantes aqui não se formam apenas para fazer uma prova, a prova do vestibular. Aqui se aprende a ser humano, a valorizar a cultura e conhecer a sua realidade, sua identidade. A gente passou em vários lugares recolhendo pedras, um pouco de terra, e ao final fomos para a aula de geografia. Ou seja nós vemos e pegamos o conhecimento que muitas vezes fica apenas nas palavras do professor em sala de aula”, afirma.

Veja a galeria de fotos de edições anteriores e desta edição do projeto no link: http://www.alo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=183887